A mulher que comanda 180 mil pessoas e bilhões de dólares

Em um mundo corporativo ainda dominado por homens de meia-idade de terno e gravata, Mary Barra se destaca como uma anomalia poderosa. Ela não apenas quebrou o teto de vidro da indústria automotiva - ela o estilhaçou completamente. Como CEO da General Motors desde 2014, ela comanda uma das maiores montadoras do mundo, com 180 mil funcionários e receita anual que supera o PIB de muitos países. Mas sua história vai muito além de números impressionantes. É sobre transformação, visão e a coragem de reinventar uma empresa centenária.
Mary Teresa Makela nasceu em uma família operária de Detroit. Seu pai trabalhava na linha de produção da GM por 39 anos, e ela cresceu respirando o cheiro de metal e óleo que define a Motor City. Não era destino óbvio para uma futura CEO, mas talvez tenha sido a preparação perfeita. Ela entende a GM desde as fundações, conhece a empresa de dentro para fora, sabe como cada parafuso se conecta ao próximo.
Formada em engenharia elétrica pela General Motors Institute (hoje Kettering University), Mary começou na GM como estagiária em 1980. Era época em que mulheres engenheiras eram raridade na indústria automotiva. Mas ela não deixou isso intimidá-la. Trabalhou duro, aprendeu rápido, e mostrou que competência não tem gênero. Foi subindo na hierarquia não por quotas ou políticas de diversidade, mas por puro mérito.
Quando assumiu a CEO em 2014, Mary herdou uma empresa em transformação. A GM havia saído da falência de 2009 mais enxuta, mas ainda carregava cicatrizes profundas. A indústria automotiva estava mudando rapidamente - carros elétricos, condução autônoma, novos modelos de negócio. Era momento que exigia liderança visionária, não apenas gestão competente.E Mary provou ser exatamente o tipo de líder que a GM precisava. Em vez de se agarrar ao passado glorioso da empresa, ela abraçou o futuro incerto. Anunciou que a GM seria totalmente elétrica até 2035, investiu bilhões em tecnologia de baterias, criou a divisão Cruise para carros autônomos. Fez apostas arriscadas que poderiam destruir sua carreira se dessem errado.
Mas talvez sua maior qualidade seja a capacidade de tomar decisões difíceis. Quando descobriu problemas de segurança em ignições defeituosas, ela não tentou esconder ou minimizar consequências. Enfrentou o problema de frente, assumiu responsabilidade, implementou mudanças estruturais, e foi a liderança que priorizou vidas humanas antes das relações públicas.
A transformação da GM sob sua liderança é impressionante. A empresa que quase faliu em 2009 hoje é líder em tecnologia elétrica, tem uma das divisões de carros autônomos mais avançadas do mundo, e está investindo pesado em novos modelos de mobilidade. É a reinvenção completa de uma empresa que parecia condenada à irrelevância.
Mary também mudou a cultura interna da GM. A empresa tradicionalmente hierárquica e burocrática se tornou mais ágil, mais inovadora, mais aberta a riscos. Ela eliminou camadas de gerência desnecessárias, empoderou funcionários de linha de frente, criou ambiente onde boas ideias podem vir de qualquer lugar. É uma liderança que inspira e não apenas comanda.
Sua visão para o futuro da mobilidade vai muito além de simplesmente fazer carros elétricos. Ela vê a GM como empresa de tecnologia que por acaso faz veículos. Investimentos em inteligência artificial, conectividade e serviços digitais. É a transformação que reposiciona a GM para competir não apenas com Toyota e Volkswagen, mas com Tesla e empresas de tecnologia.
O reconhecimento veio de forma merecida. Em 2025, ela recebeu o Centennial Award da Automotive News, reconhecimento pelos 100 anos da publicação. Não é apenas prêmio por longevidade, é reconhecimento de que ela redefiniu o que significa liderar na indústria automotiva moderna.
Mas Mary não esqueceu suas origens. Ela continua sendo defensora feroz dos trabalhadores da GM, lutando para garantir que a transição para veículos elétricos não deixe ninguém para trás. Programas de retreinamento, investimentos em comunidades onde a GM opera, compromisso com manufatura americana. É liderança que equilibra lucro com responsabilidade social.
Sua influência vai muito além da GM. Como uma das poucas mulheres CEOs de grandes corporações, ela se tornou modelo para milhões de mulheres ao redor do mundo. Não por ser mulher, mas por ser líder excepcional. É uma diferença sutil, mas importante, pois ela não quer ser vista como "A CEO mulher", mas como CEO que acontece de ser mulher.
A pressão sobre ela é imensa. Cada decisão é analisada não apenas pelos resultados financeiros, mas como reflexo da capacidade de liderança feminina. É fardo injusto que nenhum CEO homem precisa carregar. Mas Mary lida com essa pressão com graça e determinação, provando repetidamente que está à altura do desafio.
Sob sua liderança, a GM se tornou mais diversa em todos os níveis. Não por políticas de quotas, mas por reconhecimento de que diversidade gera melhores resultados. Equipes diversas tomam decisões melhores, criam produtos mais inovadores, entendem melhor os mercados globais. É lógica de negócios, não apenas correção política.
Sua estratégia para mercados emergentes também é notável. Em vez de simplesmente exportar produtos americanos, ela investe em desenvolvimento local, contrata talentos locais e cria produtos específicos para cada mercado. O investimento de 180 bilhões no Brasil é exemplo perfeito dessa abordagem - não é colonialismo corporativo, é parceria genuína.
A eletrificação da GM sob sua liderança não é apenas sobre meio ambiente, é sobre sobrevivência competitiva. Ela entendeu antes de muitos que o futuro seria elétrico, e posicionou a GM para liderar essa transição. Plataforma Ultium, fábricas de baterias, parcerias estratégicas. É a visão de longo prazo que pode definir o sucesso da empresa por décadas.
Mas talvez sua maior conquista seja ter provado que é possível transformar uma empresa centenária sem destruir sua alma. A GM de hoje é radicalmente diferente da GM de 2014, mas ainda mantém os valores fundamentais que a tornaram grande. É mudança que respeita o passado enquanto abraça o futuro.
Os desafios à frente são enormes. Competição feroz com Tesla e montadoras chinesas, transição complexa para eletrificação, pressões regulatórias crescentes, mudanças nos padrões de mobilidade. São desafios que testariam qualquer líder, independentemente de gênero ou experiência. Mas se há alguém preparada para enfrentar esses desafios, é Mary Barra. Ela já provou que pode transformar uma empresa gigante, navegar crises complexas e tomar decisões difíceis sob pressão extrema. É uma liderança testada em batalha, temperada por décadas de experiência na indústria mais competitiva do mundo.
Sua história é inspiração não apenas para mulheres que sonham em quebrar barreiras, mas para qualquer pessoa que acredita que liderança autêntica pode transformar organizações e sociedades. Ela não chegou ao topo por ser mulher ou apesar de ser mulher, chegou por ser líder excepcional e ponto final.E isso, em um mundo que ainda questiona a capacidade de liderança feminina, é a revolução silenciosa mais poderosa. Mary Barra não está apenas comandando uma das maiores empresas do mundo, ela está redefinindo o que significa ser líder no século XXI e fazendo isso com competência, integridade e visão que qualquer CEO, de qualquer gênero, deveria invejar.
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