acessibilidade

O Onix que conquistou o coração brasileiro e depois sumiu do topo

Era uma vez um carro que nasceu para ser rei. 

O Chevrolet Onix chegou ao Brasil em 2012 com uma missão clara: destronar o Fiat Palio e se tornar o carro mais vendido do país. E conseguiu! Por anos, dominou as listas de mais vendidos com autoridade absoluta, conquistando o coração de milhões de brasileiros. Mas como toda história de sucesso, esta também tem reviravoltas. Hoje, o Onix não está mais no topo e sua queda é tão interessante quanto sua ascensão.

A história do Onix começa com uma aposta ousada da General Motors. Em vez de adaptar um modelo global para o Brasil, a empresa decidiu criar um carro especificamente para mercados emergentes. Era uma estratégia arriscada, pois desenvolver um produto do zero custa caro e não há garantia de sucesso. Mas a GM acreditava que conhecia o consumidor brasileiro melhor que a concorrência.

O design do Onix foi pensado para agradar o gosto nacional. Linhas modernas mas não radicais, tamanho adequado para famílias pequenas, visual que não envelheceria rapidamente. Era como se os designers tivessem estudado o DNA estético brasileiro e criado o carro perfeito para nosso mercado. E funcionou, pois o Onix tinha cara de carro brasileiro, mesmo sendo projeto global.

O motor 1.0 foi outro acerto. Pequeno o suficiente para ser econômico, mas com tecnologia suficiente para não ser lerdo. O câmbio manual de cinco marchas era suave, a direção era leve, o ar-condicionado gelava bem. Eram detalhes que faziam a diferença no dia a dia, especialmente em um país tropical, onde conforto térmico é fundamental.

O preço também foi estratégico. Posicionado entre os carros populares básicos e os compactos premium, o Onix oferecia mais pelo mesmo dinheiro que os concorrentes. Era uma equação simples: mais espaço, mais equipamentos, mais tecnologia pelo preço de um carro menor e mais básico. Para o consumidor brasileiro, sempre atento ao custo-benefício, era uma oferta irresistível.

A campanha de lançamento também foi genial. "Onix, o carro que o Brasil estava esperando" não era apenas slogan de marketing - era declaração de intenções. A Chevrolet estava dizendo que havia criado o carro perfeito para o brasileiro, e os números provaram que estavam certos.

Em 2013, apenas um ano após o lançamento, o Onix já estava entre os mais vendidos. Em 2014, assumiu a liderança e não largou mais por anos. Era dominação absoluta, pois mês após mês, o Onix aparecia no topo das listas de emplacamentos. Chegou a vender mais de 200 mil unidades por ano, números que faziam inveja a qualquer concorrente.

O sucesso do Onix mudou o mercado brasileiro! Outras montadoras perceberam que era possível criar carros específicos para mercados emergentes e ter sucesso global. O Hyundai HB20 foi a resposta direta ao Onix. O Fiat Argo veio depois. Era uma nova categoria de carros - nem populares, nem premium, mas algo no meio que atendia perfeitamente às necessidades brasileiras.

Mas o sucesso também trouxe complacência. Durante anos, a Chevrolet fez apenas pequenas atualizações no Onix, confiando que a fórmula vencedora continuaria funcionando para sempre. Enquanto isso, os concorrentes investiam pesado em novos modelos, tecnologias mais avançadas e designs mais arrojados.

A primeira rachadura na armadura do Onix veio com o HB20. O Hyundai oferecia design mais moderno, acabamento superior e tecnologia mais avançada. Não conseguiu destronar o Onix imediatamente, mas mostrou que era possível fazer melhor. Era sinal de que o reinado não seria eterno.

A crise econômica de 2015-2016 também afetou o Onix, mas não tanto quanto outros carros. Sua posição no mercado e reputação de confiabilidade o protegeram do pior da recessão. Mas foi o período que mostrou a importância de continuar inovando, mesmo quando se está no topo.

A segunda geração do Onix, lançada em 2019, tentou recuperar o terreno perdido. Design completamente novo, interior mais sofisticado, tecnologia atualizada. Era a evolução necessária, mas talvez tenha chegado um pouco arde. O mercado já havia se acostumado com outras opções.

O Volkswagen Polo foi o golpe mais duro. Quando chegou ao Brasil, oferecia qualidade alemã por preço competitivo. Era uma proposta diferente do Onix - menos espaço, mas mais refinamento. Para consumidores que estavam dispostos a pagar um pouco mais por qualidade superior, o Polo era a escolha óbvia.

A pandemia acelerou mudanças no comportamento do consumidor. Trabalho remoto, menos deslocamentos, mais consciência sobre gastos. O carro deixou de ser prioridade para muitas famílias. Quando voltaram a comprar, queriam algo especial, diferente, que justificasse o investimento. O Onix, apesar de todas as qualidades, havia se tornado comum demais.

A eletrificação também pegou , pois enquanto outras marcas lançavam híbridos e elétricos, o Onix continuava sendo apenas a combustão. Em um mundo cada vez mais preocupado com sustentabilidade, isso se tornou desvantagem competitiva.

O surgimento de SUVs compactos como T-Cross e Tracker também canibalizaram  as vendas de Onix. Consumidores que antes comprariam um hatch compacto agora preferiam a posição de dirigir mais alta e a versatilidade de um SUV. Era a mudança de preferência que o Onix não conseguiu acompanhar.

Mas talvez o fator mais importante tenha sido a maturidade do mercado brasileiro. Em 2012, quando o Onix foi lançado, muitos compradores eram novos no mercado automotivo. Queriam um carro confiável, econômico, sem muitas complicações. Em 2025, esses mesmos consumidores já tinham  mais experiência, mais exigências e mais opções.

A concorrência também evoluiu dramaticamente. O Fiat Argo, oferecendo design mais arrojado,  o  Hyundai HB20 com   tecnologia superior,  o  Volkswagen Polo entregando qualidade premium, e cada concorrente havia encontrado  uma forma de se diferenciar, enquanto o Onix ficou preso à sua fórmula original.

A rede de concessionárias Chevrolet também enfrentou desafios. Fechamentos, mudanças de proprietário, problemas com  atendimento. Para um carro que dependia muito da capilaridade da rede para chegar ao interior do país, isso foi um problema sério.

O Onix  ainda vende bem, ainda tem seus fãs fiéis e ainda é uma opção sólida no mercado. O que aconteceu foi que o mercado evoluiu, e o Onix não conseguiu evoluir na mesma velocidade. É uma história comum na indústria automotiva, pois  os sucessos de ontem podem se tornar medianos hoje, se não houver inovações  constantemente.

A Chevrolet parece ter aprendido a lição. Os novos modelos da marca mostram mais ousadia no design, mais tecnologia, mais diferenciação. O Onix pode não estar mais no topo, mas abriu caminho para uma nova geração de carros Chevrolet.

A trajetória do Onix é uma lição valiosa sobre ciclos de vida de produtos. Sucesso inicial não garante sucesso eterno. Mercados mudam, consumidores evoluem e concorrentes se adaptam. Quem não acompanha essas mudanças fica para trás, não importa quão bem-sucedido tenha sido no passado.

Mas o Onix também provou que é possível criar produtos especificamente para mercados emergentes e ter sucesso global. A fórmula funcionou não apenas no Brasil, mas em vários outros países. É legado que vai além dos números de vendas.

Hoje, quando vemos um Onix na rua, vemos mais que um carro,  vemos o símbolo de uma era, representante de um momento específico da indústria automotiva brasileira. Era quando ainda era possível dominar o mercado com fórmula simples: bom produto, preço justo, marketing eficiente.

Essa era passou, mas as lições ficaram. O Onix conquistou o coração dos brasileiros sendo honesto na sua proposta, oferecendo exatamente o que prometia e sem enganar ninguém. Pode não estar mais no topo, mas continua sendo exemplo de como fazer um carro que funciona para o mercado brasileiro. E isso, convenhamos, é muita coisa! .

Contato

Toda facilidade e praticidade. Faça sua pré-assinatura 100% online ou fale diretamente com uma locadora REVO da sua preferência.

Informe os dados abaixo para que possamos direcionar seu atendimento para a locadora REVO mais próxima de você.

Instagram

Acompanhe nossas redes sociais